Todos viram - e formaram opinião, claro - no caso do empresário Tallis Gomes, que afirmou "não contratar esquerdistas". No dia seguinte, ele postou em seu Instagram um gráfico mostrando um aumento nas vendas do G4 após a polêmica. Essa é uma estratégia muito usada em tempos de redes sociais e cultura de corte dos podcasts: dizer algo absurdo para ganhar exposição, conseguir engajamento, seguidores, e claro, dinheiro. Mas será que vale a pena?
O caso Tallis Gomes: polêmica na bolha
Tallis Gomes, CEO da G4 Educação, recentemente chamou atenção em uma entrevista ao podcast Café com Ferri. Ele tocou no tema ao falar sobre a cultura de sua empresa. “Eu não contrato esquerdista, essa é a base da nossa cultura. Porque é o seguinte: esquerdista é mimizento, não trabalha duro, fica com esses negócios de que todo mundo deve alguma coisa para ele”, disse o empresário.
De acordo com Gomes, não contratar pessoas com esse perfil “já elimina 90% dos problemas”. “Não é brincadeira, estou falando seríssimo, não contrate esquerdista”, enfatizou. Quando questionado sobre os resultados dessa “guinada conservadora” para a empresa, Gomes respondeu: “Quantas empresas que têm cinco anos de vida você conhece que fazem R$ 100 milhões de lucro líquido? Poucas, né? Poucas. Então, essa é a resposta”.
Rotina exaustiva e investigações
Gomes também falou sobre os critérios de contratação e a rotina de trabalho intensa em suas empresas. “A turma que trabalha lá na G4 trabalha pra ca***, estávamos ontem até 1h da manhã trabalhando, e hoje, 8h, o escritório estava cheio. Se for lá 22h, o escritório está cheio novamente, eu vou lá domingo e tem uma galera, não tem esse negócio de home office... Cara, se você não meter 70 ou 80 horas semanais de trabalho, não vai conseguir nada na vida”, afirmou.
As consequências de criar uma crise
Criar uma crise propositalmente para faturar pode parecer tentador, mas é uma estratégia perigosa. As consequências podem ser desastrosas, e o controle da situação pode facilmente sair das suas mãos. Nesse caso, por exemplo, com a exposição surgiu a notícia que as empresas de Tallis Gomes devem mais de R$ 10 milhões em impostos. Além disso, há o risco de chamar a atenção do Ministério Público, já que o empresário confessa alguns crimes em poucos segundos de entrevista.
A cultura de cortes e seus impactos
Outro fenômeno preocupante é a chamada "cultura de cortes", muito utilizada por podcasters. Eles pegam trechos polêmicos ou sensacionalistas de suas conversas e os divulgam em redes sociais para atrair mais visualizações. Embora essa tática possa aumentar os números rapidamente, ela frequentemente promove um conteúdo descontextualizado e pode prejudicar a credibilidade a longo prazo. Apostar nessa cultura pode ser danoso para a imagem e a sustentabilidade do negócio.
Os riscos de se concentrar em uma bolha
Tallis Gomes parece ter falado de olho apenas em uma bolha de empresários. Focar em uma única bolha pode parecer vantajoso no curto prazo, mas a longo prazo, essa estratégia é arriscada. Bolhas se movem pela paixão e, eventualmente, podem se apaixonar por outra pessoa ou ideia. Além disso, consumidores e clientes estão em todos os lados do espectro político e social. Concentrar-se demais em um lado vai restringir suas opções e limitar o crescimento do seu negócio.
Conclusão
Eu sei que o argumento "mas fulano tá cada vez mais rico" é tentador. Mas analisa apenas uma parte da questão. Criar suas próprias crises pode parecer uma boa ideia inicialmente, mas as consequências podem ser catastróficas. A integridade e a transparência são pilares fundamentais para proteger a reputação de uma empresa. Evite levar crises para dentro do seu negócio e mantenha o foco em estratégias que promovam um crescimento sustentável e equilibrado. Invista em um conteúdo genuíno e de valor. Isso garantirá uma base sólida e fiel de clientes, além de proteger a reputação da sua empresa a longo prazo.
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